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| O Massacre da Família Hope by Riley Sager |
"O Massacre da Família Hope" é um thriller que impressiona menos pelos grandes choques e mais pela maneira como constrói, com paciência e precisão, uma atmosfera opressiva que acompanha o leitor do começo ao fim. O que mais chama a atenção não é tanto a violência do massacre em si, mas o cenário onde ele aconteceu: a mansão isolada, à beira de um penhasco prestes a ruir, quase um personagem à parte na narrativa. A fragilidade física da casa, com suas rachaduras, rangidos e a constante ameaça do abismo, reflete perfeitamente o desgaste emocional e moral que ronda a família Hope.
A escrita é direta, objetiva, sem recorrer a exageros ou descrições excessivamente gráficas, o que torna a leitura fluida e ao mesmo tempo incômoda, no bom sentido — como se estivéssemos sempre pisando em chão instável, assim como os personagens. As descrições da mansão são particularmente bem feitas: não são longas, mas muito eficazes em transmitir a sensação de decadência iminente e isolamento, que acaba sendo o tom dominante do livro.
A estrutura da narrativa, intercalando passado e presente, ajuda a construir a tensão aos poucos, sem pressa, mas também sem enrolação. Cada capítulo adiciona uma peça ao quebra-cabeça, e mesmo quando a trama parece se encaminhar para uma conclusão previsível, a força da ambientação mantém o interesse.
O final não aposta em um grande choque ou reviravolta, mas em uma resolução coerente com tudo que foi apresentado. Acho que única coisa que me incomodou, e isso é uma opinião pessoal, foi a quantidade de reviravoltas que o final nos apresentou. Muitos personagens revelando ser aquilo que a gente não imaginava.
Em resumo, "O Massacre da Família Hope" é uma leitura envolvente, especialmente para quem aprecia histórias em que o cenário pesa tanto quanto a trama. A mansão, à beira do colapso, é uma metáfora poderosa para os segredos e fragilidades humanas que o livro explora.
Nota: ★★★★⭑
