domingo, 29 de junho de 2025

Leitura de Junho.4:

 

Branco Letal
 By JK Roling

Branco Letal é o quarto livro da série do detetive Cormoran Strike, escrita por Robert Galbraith (pseudônimo da J.K. Rowling). Dessa vez, a história começa com a visita de um homem perturbado chamado Billy, que aparece no escritório de Strike dizendo que viu um crime quando era criança, mas não consegue lembrar os detalhes direito. A partir daí, a dupla Strike e Robin mergulha numa investigação cheia de pistas confusas, política suja, chantagem e até assassinato — tudo envolvendo uma família rica e bem complicada.

A graça da série continua sendo a relação entre os dois protagonistas. O Strike continua aquele cara durão, meio ranzinza, mas com um coração meio escondido por baixo da armadura. Ele ainda carrega o peso da fama que conquistou, a dor física por causa da perna amputada e, claro, os traumas emocionais da relação com a ex-noiva Charlotte, que insiste em aparecer pra bagunçar tudo.

A Robin, por outro lado, está passando por um momento difícil: acabou de casar, mas já sente que o relacionamento tá afundando. Ao mesmo tempo, ela quer se provar como detetive, sofre com ansiedade, e vive dividida entre o que esperam dela e o que ela realmente quer ser. A química entre ela e Strike fica cada vez mais evidente, mas os dois continuam evitando qualquer passo fora da amizade — pelo menos por enquanto.

Embora o livro mantenha o padrão elevado da série em termos de mistério e desenvolvimento de personagens, é possível argumentar que Branco Letal sofre com seu excesso de páginas. Com mais de 600 páginas, a narrativa poderia ter sido mais enxuta sem perder em profundidade ou tensão. Há momentos em que o ritmo se arrasta, com descrições extensas ou subtramas que pouco acrescentam à investigação central. Uma edição mais concisa tornaria o enredo mais ágil e talvez mais impactante, nos mantendo presos à ação sem dispersar a atenção com desvios desnecessários.

Mesmo assim, Branco Letal é uma leitura que prende, especialmente pra quem já acompanha a série. O mistério é bem amarrado, os personagens continuam super interessantes, e a gente fica torcendo não só pra que eles resolvam o caso, mas também pra resolverem entre si. É mais do que um suspense — é sobre pessoas tentando se entender em meio ao caos.

Nota: ★★★★⭑

terça-feira, 24 de junho de 2025

Leitura de Junho.3:

 

Saboroso Cadáver
by Agustina Bazterrica

Ler Saboroso Cadáver é como encarar um espelho deformado da nossa própria realidade — grotesco, incômodo, mas impossível de ignorar. É uma distopia, sim, mas tão próxima do que vivemos que chega a ser desconfortável chamá-la de ficção. Agustina Bazterrica cria um mundo onde, após um vírus tornar a carne animal imprópria para consumo, a humanidade toma uma decisão brutal: institucionaliza o consumo de carne humana.

Nesse cenário perturbador, seguimos a rotina de Marcos, um funcionário de alto escalão em um frigorífico especializado no abate de “carne especial” — como os humanos criados e abatidos para alimentação passam a ser chamados. Marcos carrega suas próprias dores, especialmente a perda recente do filho e a internação de sua esposa em um hospital psiquiátrico, o que o torna um personagem apático, à deriva, e ao mesmo tempo perigoso, porque representa o que há de mais humano em meio ao inumano.

O ponto de virada da narrativa acontece quando ele recebe de presente uma mulher viva, criada para abate. A partir daí, o desconforto cresce, página após página. O leitor é forçado a observar a erosão completa de qualquer traço de ética, enquanto Marcos tenta justificar suas ações e navegar por esse mundo que já aboliu os limites do aceitável.

O que mais choca em Saboroso Cadáver não são apenas as cenas cruas ou a premissa absurda — mas o fato de que tudo faz sentido dentro daquela lógica. E esse é o verdadeiro golpe: perceber que, com pequenas adaptações, o sistema descrito por Bazterrica não está tão distante do nosso. Troque os humanos por animais, troque o abate por exploração sistemática, e o horror continua, apenas com outra embalagem. O livro obriga o leitor a se perguntar até onde vai o apetite humano por poder, controle e consumo.

A escrita é seca, direta, sem floreios. Não há espaço para poesia diante do horror banalizado. Por isso, mesmo sendo uma leitura que fere, ela flui — rápida, inquietante, quase como um soco que a gente só percebe completamente depois que já caiu. Em poucas páginas, somos levados a confrontar o que significa ser humano, consumir, obedecer e, acima de tudo, se anestesiar diante da barbárie.

Saboroso Cadáver é um livro que te suga para dentro do pesadelo e depois te devolve ao mundo real — mas com os olhos mais abertos. Não é para todos, mas talvez devesse ser.

Nota: ★★★⭑⭑

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Leitura de Junho.2:

 

A Contadora
by Freida McFadden

Conheci Freida McFadden depois de ouvir muita gente comentar sobre a série “a empregada”. Resolvi ler o primeiro volume da série e gostei bastante. Foi uma leitura leve, com personagens interessantes e uma reviravolta que me pegou de surpresa. O segundo livro manteve a qualidade, mas comecei a sentir que a fórmula estava se repetindo um pouco. Já no terceiro, a história ficou morna, sem aquele “uau” que a gente espera de um bom thriller. E aqui temos “A contadora”.

Neste livro, conhecemos Dawn Schiff, uma contadora excêntrica, socialmente desajeitada e apaixonada por tartarugas, que trabalha na Vixed, uma empresa de suplementos. A rotina dela é quase cronometrada. Mas quando Dawn desaparece de repente, quem começa a desconfiar é sua colega de trabalho, a atraente e bem-sucedida Natalie Farrell. 

A situação fica ainda mais estranha quando Natalie encontra uma ligação anônima gravada na mesa de Dawn. A partir daí, ela começa a investigar o que está por trás desse sumiço, mergulhando em um jogo perigoso e cheio de segredos.

Sendo bem sincero, o início da leitura não me empolgou, achei que a história demorou a engrenar. Mas depois da metade o ritmo mudou, pois sempre me divirto nas partes investigativas dessas histórias.

O problema é que, ao longo do livro, a autora recorre novamente aos mesmos recursos de sempre. Quem já leu outras obras dela vai perceber isso. A estrutura se repete, os truques também, e o tão esperado plot twist simplesmente não convence. Parece que faltou inovação. E quando chega o final, tudo se resolve tão rápido que fica uma sensação de que algumas situações e personagens mereciam um desfecho mais elaborado.

A Contadora tinha potencial para ser melhor. Tem momentos bons, algumas tensões bem construídas, mas acaba com um final sem graça. Pode funcionar como uma boa distração para quem nunca leu nada da autora, mas para quem já conhece o estilo da Freida, é bem possível que este livro pareça apenas uma versão mais apagada do que ela já entregou antes.

Nota: ★★⭑⭑⭑



quarta-feira, 4 de junho de 2025

Leitura de Junho:

 

Pedra Papel Tesoura
by Alice Feeney

Li Pedra, Papel, Tesoura com bastante expectativa já que é um livro bem comentado nas redes sociais. E o livro realmente não decepciona. É um thriller que prende, mas sem forçar a barra.

A trama acompanha Adam e Amelia, um casal que tenta salvar o casamento indo passar uns dias numa capela isolada na Escócia, após Amelia vencer um misterioso concurso em seu local de trabalho. Só que, claro, o clima romântico dura pouco. Aos poucos, a gente percebe que essa viagem esconde muitos segredos e mágoas mal resolvidas.

Os dois personagens são muito bem construídos: Adam é um cara fechado, difícil de lidar, e Amelia parece aquela pessoa que tenta manter tudo em pé, mas está cheia de inseguranças. Eles são falhos, reais, e isso deixa a relação entre eles complexa e interessante - e desconfortável, às vezes.

As revelações no final podem não causar aquele choque de cair da cadeira…  Mas são bem amarradas, fazem sentido dentro da história, e, mesmo sendo previsível, deixa aquele gostinho de satisfação, como se tudo estivesse no lugar certo.

O que mais me pegou foi como o livro mostra os pequenos detalhes que fazem (ou destroem) um relacionamento. Fiquei pensando: será que eles realmente se amavam ou só estavam presos um ao outro, meio obcecados, incapazes de se libertar desse vínculo tóxico entre eles?

Se tem um ponto fraco, na minha opinião, é a ambientação. Senti falta de um pouco mais de vida nas descrições dos lugares. A ambientação na Escócia tinha tudo para ser mais marcante… mas ficou meio apagada. Aquele cenário frio e isolado poderia ter intensificado ainda mais a atmosfera da história.

No geral, é um livro que recomendo. É bem escrito, envolvente e ainda faz a gente refletir sobre os limites entre amor e obsessão.

Nota: ★★★⭑⭑

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