quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Sobre uma saudade que não para de crescer:

"Às vezes, a saudade é tanta, que até o latido dos cachorros me faz pensar que é você quem está voltando"

Olá minha querida rabugenta. Hoje completa exatamente três meses sem você. Te escrevo esta "carta" para contar como estão as coisas por aqui.

Certa vez eu li que começamos a nos adaptar aos efeitos causados por uma perda, cerca de três meses após o ocorrido. Não foi bem isso que aconteceu. Ainda penso em você todos os dias. Não consigo tirar você da minha cabeça e menos ainda parar de me culpar pelo que aconteceu.

Não quero entrar novamente naqueles detalhes cruéis, mas eu queria que você soubesse que eu sinto muito.

Nos mudamos daquela casa. Eu não tinha condições de continuar ali... Não depois do que aconteceu, pois tudo me lembrava você. 

Seus pêlos estavam pela casa, seu cheiro, as manchas que você deixou na parede. E a cada manhã eu acordava cada vez mais triste por não te ver entrando no meu quarto. Achei que se eu mudasse de casa, poderia voltar a ficar bem...

...Não foi o que aconteceu! 

Hoje eu olho para os cantos da nova casa tentando imaginar qual deles você escolheria para chamar de seu. Hoje eu olho para os novos cômodos e penso que ali, naquela nova casa, aquilo jamais teria acontecido. 

Preciso confessar que, às vezes, me pego perdido olhando para o céu procurando sua forma nas nuvens e tento imaginar que, de alguma forma, você está ali olhando por nós.

Desculpe-me pela tristeza, prometi que não falaria coisas tristes, mas é inevitável; pois eu ainda sinto a sua falta. 

Você se lembra das noites em que eu chegava do trabalho e você se sentava ao meu lado? Eu passava um bom tempo brincando e contando sobre o meu dia pra você. Você deitava sua cabeça na minha perna (com seu rabinho sempre balançando), e, mesmo que não pudesse me entender, você me transmitia toda a calma que eu precisava.

Sinto falta destes momentos. Tenho tantas fotos suas, mas ainda é difícil lembrar...

Está chegando o momento em que você completaria um ano em meus braços. Vai ser triste, pois eu tinha planos para esse dia... Agora jamais saberemos a sensação de celebrar esta data juntos.

Estas são as novidades por enquanto...

Sei que isto é um blog e que eu não deveria escrever para um cachorro que quase não entendia as coisas que eu falava. Mas pra mim éramos uma família, e foi você que eu escolhi amar, uma princesinha de quatro patas.

Espero que você continue brilhando aí no céu. Espero que você esteja rodeada de amigos... Espero que estejam cuidando muito bem de você, pois você merece toda a paz e tranquilidade que eu sei que você está recebendo aí no céu dos cachorros neste exato momento.

Pode vir me visitar nos meus sonhos sempre que você tiver vontade. Sei que vida aí no céu é melhor do que a que você teve na maior parte aqui na terra; mas espero que você ainda se lembre do amor que eu sempre tive por você; pois o que tem de dado forças pra continuar longe de você é justamente a lembrança do amor incondicional que você me deu.

Sinto sua falta, minha amiga!

*     *     *


segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Leitura do mês de Janeiro.2 -> "Você tem a vida inteira":

HIV não mata. PRECONCEITO sim.
Ano: 2018 / Páginas: 288
Idioma: português
Editora: Galera Record
Por: Lucas Rocha

No final de 2019 eu comprei cinco livros com temática LGBTQI+, sem saber do que a história se tratava. Terminei o último livro essa semana e posso dizer que, dos cinco títulos, dois deles me surpreenderam de forma positiva, o primeiro que eu li e esse último que é o livro que irei comentar abaixo.

Após a leitura eu comecei a pesquisar a opinião de outras pessoas na internet. Um dos comentários que mais me chamou a atenção foi de um garoto que dizia mais ou menos o seguinte: "O livro parece mais com uma cartilha sobre o HIV do que necessariamente uma história". 

Fiquei com essa frase na cabeça enquanto eu tentava formular uma opinião sobre a história que eu havia acabado de ler; e cheguei a conclusão de que realmente o livro pode até funcionar como uma cartilha, principalmente quando os personagens estão em consultas médias e tirando as dúvidas a respeito do vírus, mas não necessariamente quer dizer que isso seja um aspecto negativo da história, pelo contrário!

Seguindo um dos comentários de um dos personagens, é fácil romantizar uma situação quando você não está envolvido nela. E, realmente, é fácil falar "eu não tenho preconceitos", quando você não está sendo desafiado em sua zona de conforto. É fácil fingir que certas coisas não existem quando você acha que estas coisas estão fora de sua realidade; o difícil é perceber que o HIV e a AIDS, são assuntos que precisam ser discutidos e entendidos por qualquer pessoa. Justamente para que o preconceito não nos obrigue a agir e pensar de forma equivocada.

A maioria das questões abordadas na história ainda é desconhecida; e, somente quando alguns personagens expõem seus medos e preconceitos a respeito do vírus, é que nós, leitores, percebemos que também temos as mesmas questões e preconceitos dentro de nós mesmo. Quanto o autor lança questionamento através de diálogos, eu tenho a sensação de que ele está fazendo estes questionamentos diretamente a nós leitores.

Destaco aqui a passagem em que certo personagem tem medo de perder o emprego quando a sua doença é exposta e acaba chegando ao conhecimento da sua supervisora. Tive conhecimento de uma situação parecida em um local de trabalho; só que nesse caso, a pessoa superior não foi tão tolerante quanto à personagem da história.

Então sem mais demora, vamos à história: O livro é centrado em três personagens: Victor, Ian e Henrique. Os três têm seu destino alterado após dois deles receberem o diagnóstico em um centro de tratamento. 

Dois personagens são apaixonados e o terceiro entra na vida dos outros dois por acaso. Não acho necessário contar quem é quem nesse rolo, justamente para não estragar a história. 

Gostei da forma como o caminho dos três acaba se conectando. Achei os três personagens interessantes, com suas dúvidas, seus preconceitos, suas formas de encarar o mundo, os problemas que vão surgindo ao longo da história e a forma como o conhecimento acaba fazendo com que eles abram a mente.

A gente acaba se envolvendo e acompanhando um pouco do que é a caminhada após o diagnostico e, foi justamente isso, que em minha opinião tornou a leitura mais interessante. Aprendi termos e detalhes que eu não conhecia. Alguns interessantes, outros assustadores. 

A história tem muitas situações pesadas que acaba sendo amenizadas pela simplicidade da história de amor que rola entre os personagens. A amizade também é muito bem trabalhada aqui; o que mostra que amigos, em muitas situações, são mais valiosos que família. E por falar em família, eu senti falta de uma relação mais aprofundada entre os personagens e seus familiares; gostaria de saber qual seria a reação dos pais de um dos personagens após a descoberta do diagnóstico. Mas isso não afetou a leitura. 

Então se você procura um livro apaixonante, com personagens cativantes, eu indico este livro. Você vai embarcar em uma jornada que começa de forma escura e sombria até um final emocionante e completamente colorido.

Obs.: Essa é uma opinião pessoal.

Nota: ★★★★✩

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Leitura do mês de janeiro -> "Quinze Dias":

"O mundo inteiro é seu"
Ano: 2017 / Páginas: 208
Idioma: português
Editora: Globo Alt
Por: Vitor Martins

Eu ganhei de presente de aniversário do ano passado o segundo livro do mesmo autor: “Um milhão de finais felizes”. Eu me apaixonei pela leitura e fiquei muito empolgado quando descobri que o autor havia lançado primeiro o “Quinze dias”. E dessa forma, eu resolvi ler o livro em questão.

Vamos à história: Felipe está prestes a entrar de férias e aliviado por poder passar uns dias longe da escola e todas as pessoas que diariamente o tratam mal por ele ser gordo; a ideia inicial seria passar as férias maratonando séries, assistindo filmes, lendo livro e coisas do tipo.

Porém as coisas saem dos eixos quando sua mãe decide hospedar Caio (o filho de seus vizinhos) durante quinze dias em sua casa. Felipe sempre teve uma paixão por Caio e vai precisar lutar contra suas inseguranças para ir atrás daquilo que ele deseja.

O me chamou a atenção no segundo livro do autor, foi exatamente o que senti falta nesta primeira história. Aqui temos um protagonista envolto em suas questões, lutando contra sua baixa autoestima, com uma lista de inseguranças devido à sua condição e apaixonado por um garoto que segundo ele mesmo descreve, é um padrãozinho.

A todo o momento eu sentia pena do Felipe pelas situações que ele passava e pela forma como ele descrevia sua rotina antes de Caio entrar em sua vida. Certamente essa não seria a intenção do autor, mas não tem como não desenvolver tal sentimento quando Felipe nos lista tudo o que já passou e a forma como essas situações afetaram sua vida.

Felipe não é um protagonista divertido e cheios de manias que nos cativa. Caio não tem uma personalidade forte o suficiente que justifique fato de ter conseguido tirar Felipe do seu mundo de auto-piedade.

Outro ponto que deixou a desejar foi a demora em acontecer alguma coisa... Geralmente os personagens ficam envoltos em uma mesma rotina; e, quando alguma coisa finalmente acontece, dura pouco tempo e logo somos puxados de volta ao mesmo.

Tudo bem que esta é a história do Felipe, mas algumas sub-tramas poderiam ter sido desenvolvidas de outra forma. Um dos exemplos disso seria o relacionamento entre Caio e sua mãe Sandra; afinal de contas, em diversas situações os dois são pegos conversando ao telefone de maneira misteriosa e quando os dois finalmente se reencontraram, o que veio a seguir foi desenrolado de forma genérica.

 Outro exemplo é o relacionamento entre a mãe de Felipe e os pais de Caio  que poderia ter sido  desenvolvido de uma forma mais detalhada para justificar o fato de que, dentre todas as pessoas do prédio, a mãe de Caio escolheu justamente a família do Felipe para abrigá-lo durante 15 dias (tudo por que eles não queriam que o menino - que já era adolescente - ficasse em casa sozinho).

Não posso negar que o livro tem algumas passagens fofinhas; em certo momento a gente até chega a sorrir com algumas situações. Mas em seguida, quando a rotina volta, fica difícil de continuar mantendo o sorriso.

Terminei o livro e, ao contrário de muitos outros que eu li por aí, não consegui ser cativado pelos personagens apresentados; ao longo da leitura rolou apenas um carinho por eles e uma pequena torcida para que tudo desse certo no final.

Obs.: Essa é uma opinião pessoal.

Nota: 
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